Arte, poesia, terapia e transformação.
Eu quero abrir um portal. Um portal pr'aquilo que é real. Para atravessá-lo teremos de nos despedir dos vícios que nos acorrentam desde o berço, ou antes. Que de tanto magnetismo viraram amantes escancarados do cinismo. Já nos acostumamos às vendas. Reféns. Rendidos aos cubículos por onde zanzam ansiosas as nossas mentes. Dementes, de olhos empobrecidos. Zumbis. Adormecidos. Esperando resgate, antes que a própria preguiça nos mate. Mas agora! Agora é onde mora a verdade. Autorizada a despedaçar ilusões, rasgar contratos, arrancar grilhões. Eu quero abrir um portal. Um portal para o essencial. Pra onde os estados do meu corpo sejam efêmeros como a chuva. Pra onde a pulsação e o movimento permaneçam como raízes. Pra onde os meus olhos sejam feitos de sol, minha pele se confunda com as nuvens, minha voz seja o sopro do vento. Onde o tempo seja versátil e o espaço volátil. Pois um corpo é um planeta, e um planeta, um sistema, um sistema é o universo, e o universo, uma noz. Eu quero abrir um portal. Um portal para o primordial. Onde os polos estejam perto. E nós, todos, despertos!